O suave passeio amoroso de Elizabeth von der Osten Pisani pelas ruas de Curitiba oferece à nossa querida cidade, no seu ano 300, retrato oportuno de seu patrimônio arquitetônico.
Iluminada pela luz do sol nascente, a Curitiba de Elizabeth Pisani é uma cidade à procura de personagens. Cada um pode inserir sua história no cenário mágico idealizado pela artista.
Habilitem-se, senhoras e senhores.
É preciso caminhar à sombra dos lampadários.
É hora de sair à janela de algum velho casarão.
É tempo de abrir a porta espelhada do sobrado Ghignone. É possível subir num trem encantado que parte da velha estação. Quem dançará esta polka que soa da antiga Sociedade Numerada? Quem dará eco aos discursos proferidos na Casa do Congresso, hoje Câmara Municipal? Que faceta do nosso passado guardam as janelas verdes da Casa Romário Martins? Quem ficou com a agulha que falta ao Palácio da esquina da rua Riachuelo, de cúpula sem coroa? Qual é o segredo que doura os folhetos da Confeitaria das Família? O que suportam os atlantes do portal da velha Prefeitura, Paço da Liberdade, construída por subscrição pública, hoje cedida ao Museu Paranaense?
Quem dará conta aos céus das ladainhas e rosários desfiados na velhas igrejas?
É preciso compreender o murmúrio das fontes.
É preciso prestar atenção no caminho do tempo a galope dos ponteiros do relógio da ruas das Flores.
Nos quadros, como na eternidade, o tempo não existe.
Para nós, prisioneiros da existência, o tempo escoa. É saber aproveitá-lo.
Entre outras coisas, para amar a Cidade e sua gente, nas pegadas da memória, como fez Elizabeth von der Osten Pisani.